domingo, 27 de julho de 2008

Quando o editorial não sabe fazer ironia (ingenuidade mode on)

Vitória do grevismo

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A ampla vitória obtida pelos grevistas da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) nas negociações com o governo é um mau sinal para o País. Encerrada a greve, a normalização da entrega de correspondências e encomendas ainda demorará até duas semanas, na avaliação da ECT. Nas três semanas em que a maioria dos empregados da empresa ficou de braços cruzados, 130 milhões de cartas e 400 mil encomendas deixaram de chegar a seu destino. Mas, conhecidas as condições oferecidas pelo governo para os funcionários dos Correios voltarem ao trabalho, o que se pode concluir é que o atraso na entrega das correspondências não será a conseqüência mais danosa da greve para o País.

A proposta apresentada pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, em resposta às reivindicações dos grevistas, atende a praticamente todas elas - e por isso foi aceita pelos representantes dos trabalhadores -, desmoralizando a diretoria da empresa, que, em rodadas anteriores de conversações com os funcionários, havia rejeitado a maioria delas. Além disso, desde o início da greve, a diretoria da ECT vinha anunciando que cortaria o ponto dos grevistas. Mas, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro não autorizou o desconto dos dias parados, consagrando a impunidade e, desse modo, estimulando o grevismo nas empresas controladas pelo governo federal.

Em resumo, a greve mostrou o grau de organização e a esperteza dos empregados da ECT, a postura correta da diretoria da empresa na fase inicial do movimento e a tibieza do governo nos momentos finais.

Os carteiros iniciaram o movimento no dia 1º de julho para forçar a ECT a suspender a aplicação do Plano de Cargos e Salários e a incorporar aos vencimentos um abono de 30% que vinha sendo pago em caráter temporário há alguns meses, a título de adicional de periculosidade. Com a greve em andamento, os funcionários passaram a exigir o não desconto dos dias parados. A diretoria da empresa concordava em negociar alguns tópicos do Plano de Cargos e Salários, não aceitava a incorporação dos 30%, mas oferecia o pagamento de R$ 260 fixos a todos os carteiros, e anunciava que descontaria imediatamente 50% dos dias parados, deixando para mais tarde a compensação dos restantes 50% com horas adicionais de trabalho.

Propostas conciliatórias foram apresentadas pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), mas todas foram rejeitadas pelos grevistas. Com a entrada do ministro Hélio Costa nas negociações, eles conseguiram tudo o que pediam. A vigência do Plano de Cargos e Salários foi adiada, os 30% de abono temporário foram incorporados definitivamente aos vencimentos, o adicional fixo de R$ 260 foi concedido e os grevistas não terão descontado o tempo em que ficaram sem trabalhar.

Perdedores são a ECT - o acordo implicará despesas adicionais de R$ 120 milhões a R$ 130 milhões -, o governo e, sobretudo, a população, que durante três semanas não recebeu com a regularidade necessária a correspondência que exclusivamente os Correios têm o direito de distribuir, já que detêm o monopólio desse serviço postal.

Pessoas que recebem avisos de pagamento somente pelos Correios, por não disporem de meios eletrônicos para isso, só poderão quitar o documento com atraso, o que implicará multa e juros de mora. Empresas que utilizam os Correios para distribuir seus catálogos e peças promocionais, e recebem encomendas igualmente por correspondência, perderam negócios nas três semanas de greve. Outras que recebem pedidos por meios eletrônicos, mas entregam através dos Correios as encomendas, em geral de peso de até 3 kg, também foram prejudicadas.

As perdas impostas pelos grevistas sugerem a necessidade de um exame da quebra do monopólio da ECT na entrega de correspondência. Já há uma ação nesse sentido ajuizada no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a maioria dos votos emitidos até agora é desfavorável a ela. Se a ação cair no STF, a mudança dependerá de uma decisão política, para a qual a sociedade, que sempre perde com essas greves, deve pressionar o Executivo e o Legislativo.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080723/not_imp210406,0.php

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Eu tinha lido isso no jornal, em uma das muitas idas a biblioteca (isso que dá trabalhar DO LADO da biblioteca Nair Lacerda), pois bem:

Se a idéia inicial da greve é uma ultima oportunidade (geralmente é a operação radical) para tentar-se chegar as reivindicações, qual é o problema em se atender a todas reivindicações, caro "editorial"?

Qual é o medo? Vamos, deite no divã, fale-nos sobre seus medos para o psiquiatra cá, vamos saber quais são as causas para ditarmos as conseqüências.

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O que é mais engraçado é o inconformismo-dito-inveja-ou-mesmo-vingança por aqueles que por opção protestam contra o que faz a greve. Parece que o cara sabe qual é a solução de alguns dos seus problemas, mas, inveja pois não tem culhão para dizer b ao invés de a.

"Mas o problema é o funcionalismo público" Por que problema? Por que parte dele foge do estereótipo? Por que ele faz algo que GRANDE PARTE dos trabalhadores no setor privado não mexem a porra da bunda pra lutar por seus malditos direitos?

E eu gostaria de saber o desfecho em relação a greve na CSU.